Se meu quarto falasse ele poderia te
dizer o que eu penso. É lá que passo a maior parte do tempo. Penso, escrevo,
canto, me arrumo, choro, me desarrumo, dou risada, sorrisos, durmo e soluço. É
uma extensão minha. Muitos livros, muitas corujas. Inúmeras folhas de sulfite. Acumulo coisas, fico com pena de jogar fora. Metade das coisas que estão lá eu nem uso e,
pra ser bem honesta, não têm a menor serventia, fica salvo os livros, é claro.
Mas mesmo assim gosto de ter. Cada
coisinha tem um significado. Gosto de coisas com significados, mesmo que nada
tenha sentido, invento um. A vida se torna mais fácil quando valorizamos
efetivamente o que importa. Mas e o que importa?
A razão tende para um lado e o
emocional para o outro. A razão diz que
o importante é isso e o emocional diz que é aquilo. E é difícil decidir pra
qual lado ir, já que eu não cogito decidir na sorte. Minha vida não é jogo, não
é sorte, não é simples. Eu me apego, guardo, empilho. Da mesma forma que eu junto
tanta tralha eu carrego as pessoas comigo. Quem eu gosto não sai de mim. Não me
desfaço das pessoas como se elas fossem
descartáveis.
Não sei definir o que serve e o que
não serve, pois pra mim tudo é útil. Até mesmo o que já passou da validade.
Sentimentos são meus, mesmo que estejam inutilizados. Ninguém vai me tirar, não
deixo. Não sou desapegada e tenho dificuldade em tomar atitudes racionais.
Se o meu travesseiro falasse ele te
diria que sempre que a minha cabeça encosta alí eu penso até dormir. Penso
demais, penso em tudo mas não concluo nada. Às vezes penso besteira, aí choro.
Outras vezes, coisas boas vêm na minha cabeça e eu acabo rindo sozinha. De
qualquer forma eu tenho que parar, se estiver chorando, tenho que engolir o
choro ou pelo menos chorar sem fazer barulho. Se estiver rindo aí é pior, se
alguém acorda e me escuta rindo sozinha no meu quarto vão ter certeza que meu índice
de loucura é mesmo elevado.

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